Leia com Elas indica: Tema Elas Negras
Gostou do tema do mês? Elas Negras
Tem live do Cine por Elas no dia 16/11 às 19h no Youtube
Quer ler um pouco mais sobre o tema? Então, vamos deixar aqui umas dicas de leitura!
Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, Carolina Maria de Jesus.
O diário de Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel de uma mulher que sobrevive como catadora de papel e faz de tudo para espantar a fome e criar seus filhos na favela do Canindé, em São Paulo. Em meio a um ambiente de extrema pobreza e desigualdade de classe, de gênero e de raça, nos deparamos com o duro dia a dia de quem não tem amanhã, mas que ainda sim resiste diante da miséria, da violência e da fome. E percebemos com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu sua atualidade. A primeira publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, data de 1960, por isso, em 2020, quando se comemoram os 60 anos de sua existência, a Somos Educação fará uma edição especial desta que é uma obra muito importante para a literatura brasileira. Com um projeto gráfico renovado e capa assinada pelo artista No Martins, além do texto original da autora, este livro conta com um prefácio assinado pela escritora Cidinha da Silva, fotografias dos manuscritos de Carolina Maria de Jesus e uma fortuna crítica com escritores como Alberto Moravia; críticos literários, como Marisa Lajolo, Carlos Vogt, Elzira Divina Perpétua, Fernanda Miranda; historiadores, como José Carlos Sebe Bom Meihy, e jornalistas, como Audálio Dantas, responsável pela publicação da primeira edição do livro, e Otto Lara Resende.
Notas sobre a Fome, Helena Silvestre.
Como mulher, como militante, como favelada, como indígena, como negra, Helena levanta a voz com este livro, pelos seus, pelos outros, por todes. Tinha de irromper na língua dos letrados para evidenciar seus violentos silêncios, mantendo as bases de um feminismo não branco, de um ‘feminismo inominável’, como ela o nomeia, de um marxismo favelado, de uma cosmopolítica das particularidades e de uma genealogia da fome pensada não desde conceitos, mas sim desde a dor no estômago, desde a ira, desde a febre e, principalmente, desde os sonhos.
Café, Dona Jacira.
Jacira Roque de Oliveira, mãe de Catia, Catiane, do produtor Evandro, o Fióti e de Leandro, o Emicida, é uma mulher forte, sonhadora, sensível e batalhadora, que aprendeu desde cedo a lidar com dificuldades.
Autodidata, lia e escrevia, mas ouvia que seu destino não era o de sonhar e contar histórias, mas sim servir os outros como empregada doméstica.
A infância difícil, a educação no convento e suas experiências viraram livro, que apesar de triste, por narrar o amadurecimento precoce de uma criança que teve que ser mãe muito cedo e passou por desafios diversos, conseguiu transformar a dor em arte.
Aos 54 anos de idade a também artista plástica lança seu primeiro livro biográfico “Café”, das editoras LiteraRUA e Laboratório fantasma. Dona Jacira convida os leitores a se servirem de um bom café de coador, enquanto embarcam com ela em uma viagem de memórias, dor e resistência.
Filha do Fogo, Elizandra Souza.
Seu primeiro livro de prosa, no qual reúne 12 contos, simbolizando os ministros de Xangô. A obra chega no ritmo potente de um fogo que se alastra, alimentando chamas incontroláveis, equilibrando denúncia e celebração, como nos conta a pesquisadora Mirian Cristina dos Santos: “Na tessitura dessa flama, há inúmeras mulheres negras. De forma que a presença recorrente de avós e de mães – as mais velhas que nos habitam – traz ecos coloridos de uma ancestralidade negra requerida e celebrada. (…) É a partir de encontros de mulheres como esse que Elizandra Souza alinha memórias e heranças ancestrais, no entrecruzamento de ritos e de rituais, que nem sempre estão ligados através de laços consanguíneos. Nesse processo, no lapidar de nossos sentidos, nos contos há muito barulho, cheiros, gostos e sabores para nos lembrar de uma vida a pulsar. São as águas a banhar, o vento a soprar, óleos a perfumar, o caruru a degustar, atabaques e tambores a escutar, no encalço da movência de muitos corpos. Tudo emaranhado em processos de curas e nas urgências do ato inenarrável de viver.”
Um corpo negro, Lubi Prates.
Um corpo negro conta, poeticamente, o processo de reconhecimento como negra, da autora, a partir do que se manifesta fisicamente no corpo: pele, cabelo, boca e nariz, até as estórias que ouve sobre seus ancestrais e as próprias experiências desta identidade, desconstruindo a representação do negro, ainda atual, como alguém inferior. a história de Lubi Prates é a história de muitos.
Quando me descobri negra, Bianca Santana.
Bianca Santana inicia uma série de relatos sobre experiências pessoais ou ouvidas de outras mulheres e homens negros. Com uma escrita ágil e visceral, denuncia com lucidez – e sem as armadilhas do discurso do ódio – nosso racismo velado de cada dia, bem brasileiro, de alisamentos no cabelo, opressão policial e profissões subjugadas. Quando me descobri negra fala com sutileza e firmeza de um processo de descoberta inicialmente doloroso e depois libertador. Bianca Santana, através da experiência de si, consegue desvelar um processo contínuo de rompimento de imposições sobre a negritude, de desconstrução de muros colocados à força que impedem um olhar positivo sobre si. Caminhos que aos poucos revelam novas camadas, de um ser ressignificado. Considero este livro um presente, é algo para se ter sempre às mãos e ir sendo revisitado. Bianca, ao falar de si, fala de nós.” – DJAMILA RIBEIRO colunista da Carta Capital, pesquisadora na área de filosofia política e feminista.
Inovação ancestral de mulheres negras : táticas e políticas do cotidiano. Org. Bianca Santana.
Neste livro, são generosamente reconhecidos os limites das mulheres que educaram as depoentes ou que não puderam fazê-lo. Histórias que, a princípio, eram lidas apenas na chave do abandono são ressignificadas no contexto maior de compreensão das opressões que pesam sobre todas as mulheres negras e dos reflexos disso na vida de quem é educada por essas mulheres.
Um Exu em Nova York, Cidinha da Silva.
No livro de contos Um Exu em Nova York Cidinha da Silva apresenta uma perspectiva contemporânea e ficcional do cotidiano, sobre temas como política, crise ética, racismo religioso, perda generalizada de direitos (principalmente por parte das mulheres), negros e grupos LGBT. A autora considera que esses são marcadores importantes do século XXI e classifica a obra como um livro-dínamo. Cidinha parte das tensões provocadas pela percepção das religiões de matrizes africanas para desmistificar ideias negativas que são difundidas sem critérios na sociedade. Através dos personagens, traz ainda outros temas contemporâneos, como por exemplo a nova masculinidade.
EU E A SUPREMACIA BRANCA: Como reconhecer seu privilégio, combater o racismo e mudar o mundo, Layla F. Saad.
LAYLA F. SAAD Subtítulo: Como reconhecer seu privilégio, combater o racismo e mudar o mundo Um livro para todos que estão prontos a examinar de perto as próprias crenças e preconceitos, e a fazer o trabalho necessário para mudar o mundo. Baseado num desafio no Instagram que conquistou a atenção de pessoas ao redor do mundo, Eu e a supremacia branca conduz os leitores por uma jornada de 28 dias, com sugestões de exercícios e dicas para realizar o necessário e indispensável trabalho capaz de levar a uma melhoria das relações sociais. Revisto e atualizado após o desafio on-line, aqui o trabalho antirracista proposto será aprofundado com contextos históricos e culturais, emocionantes histórias pessoais, definições expandidas, e exemplos e referências, oferecendo aos leitores o que cada um precisa para entender o racismo e desmontar seus preconceitos. Foi originalmente publicado em 2020 e entrou na lista de best-sellers do The New York Times.
Racismo Estrutural, Silvio Almeida.
Nos anos 1970, Kwame Turu e Charles Hamilton, no livro “Black Power”, apresentaram pela primeira vez o conceito de racismo institucional: muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população. É a partir desse conceito que o autor Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira.
Ananse tecendo teias na diáspora: uma narrativa de resistência e luta das herdeiras e dos herdeiros de Ananse, Zélia Amador.
Através da afro-diáspora, milhares de africanas e africanos vieram de maneira compulsória para as Américas. Mas não vieram sozinhos. Trouxeram suas tradições, crenças, valores civilizatórios, línguas, religiões, histórias, conhecimentos e saberes específicos, entre outros. Submetidos à dura realidade da escravidão, essas africanas e africanos e seus descendentes elaboraram inúmeras formas de resistência contrárias ao sistema escravista e a favor da manutenção de sua cultura: a fuga, as sabotagens, a formação de quilombos e a contação de histórias foram apenas algumas delas. Ao cruzarem o Atlântico vieram acompanhados, também, do mito da aranha e divindade Anansi, que muito nos ensina sobre o processo de contação de histórias presente nas tradições culturais africanas, bem como do universo da ressignificação dessas culturas como forma de resistência. A metáfora de Anansi contribui para a compreensão de uma visão de mundo africana, calcada no paradigma afrocêntrico de conhecimento, e tem se espalhado de modo que suas teias teçam histórias, memórias e tradições orais como forma de educar. Compreendendo quilombos como territórios negros onde ainda resistem muitos aspectos africanos através da prática da contação de histórias e o reconhecimento de todo um conjunto de saberes, conhecimentos, identidades, organizações sociais negras e africanas predominantemente negligenciadas por uma abordagem eurocêntrica de conhecimento, mas que ainda resistem no interior de comunidades quilombolas, refletimos aqui sobre uma escola brasileira mais plural, alimentada por valores da cosmovisão africana ainda presentes nos quilombos e por um currículo escolar que valorize saberes e conhecimentos não hierarquizados como prevê a Lei 10.639/03.
Tudo Sobre o Amor, Bell Hooks.
O que é o amor, afinal? Será esta uma pergunta tão subjetiva, tão opaca? Para bell hooks, quando pulverizamos seu significado, ficamos cada vez mais distantes de entendê-lo. Neste livro, primeiro volume de sua Trilogia do Amor, a autora procura elucidar o que é, de fato, o amor, seja nas relações familiares, românticas e de amizade ou na vivência religiosa. Na contramão do pensamento corrente, que tantas vezes entende o amor como sinal de fraqueza e irracionalidade, bell hooks defende que o amor é mais do que um sentimento — é uma ação capaz de transformar o niilismo, a ganância e a obsessão pelo poder que dominam nossa cultura. É através da construção de uma ética amorosa que seremos capazes de edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, fundamentada na justiça e no compromisso com o bem-estar coletivo. *** Em uma sociedade que considera falar de amor algo naïf, a proposta apresentada por bell hooks ao escrever sobre o tema é corajosa e desafiadora. E o desafio é colocarmos o amor na centralidade da vida. Ao afirmar que começou a pensar e a escrever sobre o amor quando encontrou “cinismo em lugar de esperança nas vozes de jovens e velhos”, e que o cinismo é a maior barreira que pode existir diante do amor, porque ele intensifica nossas dúvidas e nos paralisa, bell hooks faz a defesa da prática transformadora do amor, que manda embora o medo e liberta nossa alma. Assim, ela nos convoca a regressar ao amor. Se o desamor é a ordem do dia no mundo contemporâneo, falar de amor pode ser revolucionário. — Silvane Silva, no Prefácio à edição brasileira *** Quando eu era criança, tinha clareza de que a vida não valia ser vivida se não conhecêssemos o amor. Quem me dera pudesse dizer que atingi essa consciência por causa do amor que sentia. Foi sua falta, no entanto, que me fez saber quanto ele é importante. […] Despertei do meu estado de transe e fiquei atordoada ao descobrir que o mundo em que eu vivia, o mundo do presente, já não era um mundo aberto ao amor.
Meu Crespo é de Rainha, Bell Hooks.
Publicado originalmente em 1999 em forma de poema rimado e ilustrado, esta delicada obra chega ao país pelo selo Boitatá, apresentando às meninas brasileiras diferentes penteados e cortes de cabelo de forma positiva, alegre e elogiosa. Um livro para ser lido em voz alta, indicado para crianças a partir de três anos de idade – e também mães, irmãs, tias e avós – se orgulharem de quem são e de seu cabelo ‘macio como algodão’ e ‘gostoso de brincar’. Hoje em dia, é sabido que incontáveis mulheres, incluindo meninas muito novas, sofrem tentando se encaixar em padrões inalcançáveis de beleza, de problemas que podem incluir desde questões de insegurança e baixa autoestima até distúrbios mais sérios, como anorexia, depressão e mesmo tentativas de mutilação ou suicídio. Para as garotas negras, o peso pode ser ainda maior pela falta de representatividade na mídia e na cultura popular e pelo excesso de referências eurocêntricas, de pele clara e cabelos lisos. Nesse sentido, Meu crespo é de rainha é um livro que enaltece a beleza dos fenótipos negros, exaltando penteados e texturas afro, serve de referência à garota que se vê ali representada e admirada.