Mulheres, Quintais Produtivos e a Agroecologia
Texto por Daiane Eilert
Historicamente, as mulheres desempenharam um papel fundamental na agricultura, transmitindo conhecimentos ancestrais sobre o cultivo da terra, a seleção de sementes, cuidado com as plantas e respeito aos ciclos. A luta pela preservação da agrobiodiversidade no Brasil conta com muitas mulheres na linha de frente, seja no campo, nas cidades, nas florestas, nas hortas e quintais produtivos. Não é possível fazer agroecologia sem considerar a vida dessas mulheres, agricultoras familiares, indígenas, quilombolas, dentre outras, que têm uma contribuição histórica na agricultura e na defesa do meio ambiente, que vão além de conhecimentos científicos.
As Mulheres e os Quintais Produtivos
Quando falamos em Quintais Produtivos, nos referimos a esses espaços que são extensão da casa e que possuem grande potencial econômico e produtivo, onde as mulheres desempenham papel central, o que evidencia a importância desses espaços na segurança alimentar e na geração de renda. As mulheres, em sua maioria, são as principais responsáveis pelo cuidado dos alimentos, dos filhos e do ambiente, o que as leva a adotar práticas agroecológicas em busca de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos.
Os quintais também são redutos de bons sentimentos, onde se compartilha momentos de vivências e criatividade, fortalecendo redes de cuidado e apoio entre elas.
Além dos Quintais
No entanto, mesmo diante desse protagonismo, permanecemos sub representadas nos espaços de discussão política, lideranças masculinas ainda dominam os espaços de decisão, relegando à as mulheres papeis secundários. O acesso das mulheres a esses espaços é dificultado por barreiras culturais, como a falta de experiência na fala em ambientes públicos, além de responsabilidades familiares que muitas vezes recaem sobre elas.
É fundamental reconhecer o papel das mulheres nos quintais produtivos na agroecologia, não apenas por uma questão de justiça social, mas também pela importância e eficácia dessas práticas na produção sustentável. A agroecologia não se resume apenas à produção de alimentos saudáveis, mas engloba uma produção de bem viver que valoriza a diversidade, a equidade de gênero e o respeito ao meio ambiente. Sem o reconhecimento e a valorização do trabalho das mulheres, a agroecologia não pode alcançar seu pleno potencial. Por isso, o movimento trabalha no desenvolvimento de Políticas públicas que devem ser implementadas para promover a participação das mulheres nos espaços de decisão e para apoiar os quintais produtivos como uma fonte vital de alimentos saudáveis, cuidado e geração de renda.
Mulheres, com sua resiliência, sabedoria e determinação, são agentes de mudança essenciais na construção de um futuro sustentável e justo. Ao reconhecer e fortalecer o papel das mulheres nos quintais produtivos dentro dos movimentos agroecológicos, não apenas promovemos a justiça de gênero, mas também semeamos um caminho para um mundo mais justo e harmonioso para todos. Fazer agroecologia é também lutar contra o machismo, o racismo, e contra todas as formas de violência contra a mulher.
Texto: Daiane Eilert
Agradecimento: Mirian Eilert e Ione Duarte
Bibliografia: Carta Política do IV Encontro Nacional de Agroecologia “Sem feminismo não há
agroecologia”.
Cadernos de Agroecologia – Quintais Produtivos e as mulheres espaços de construção de
autonomia e transição agroecológica (https://cadernos.aba-agroecologia.org.br/)