Não se apoxime – A Vida e Obra de Carmélia M. de Souza

Não se apoxime – A Vida e Obra de Carmélia M. de Souza
Inácia Freitas vive Carmélia na tela

Dia 16/05 às 19h o cineclube CINE POR ELAS tem a honra de sediar a Pré-estreia do doc NÃO SE APROXIME, A Vida e Obra de Carmélia M. de Souza, com direção de Tati Rabelo e Rod Linhales, reforçando a missão do Cine Por Elas de visibilizar as mulheres capixabas, e principalmente por se tratar de Carmélia.

O documentário promete criar um lugar de memória sobre Carmélia M. de Souza, uma das maiores autoras capixabas. Carmélia era uma mulher preta e LGBTQIA+ que escrevia sobre fossa, costumes e desilusões amorosas, uma personagem de alta relevância na produção de pensamento crítico e revolucionário.

Entre os presentes no set estão as atrizes Inácia Freitas e Danyelli Garajau de Andrade, que interpretam a cronista em suas fases adulta e jovem, respectivamente; A atriz Cinthia Caetano, que dá vida à Dindi, personagem criada por Carmélia em seus textos, a quem ela constantemente utiliza como um escape para suas agruras com a cidade; e Murilo Abreu que interpreta o próprio pai, o músico Afonso Abreu, um grande amigo da escritora.

 “É um documentário híbrido. Como Carmélia era avessa a fotografias, registros, a gente decidiu criar essas reconstituições com atrizes e atores”, explica Tati Rabelo. No que Rod Linhales complementa: “Para estas cenas usamos textos do livro Vento Sul. Na verdade todo o roteiro é criado com textos dela.”

Vento Sul, citado pelos diretores, é o único registro em livro dos textos de Carmélia, publicado dois meses após a morte da cronista, em 1974. Além dos textos da autora, a obra trazia notas e uma introdução escrita pelo jornalista Amylton de Almeida, amigo pessoal de Carmélia. Na publicação, não é difícil notar a ironia e as observações ácidas e precisas que a cronista trazia sobre o cenário capixaba da época.

Um olhar voraz e audacioso, que muitas vezes assustava e enfurecia os poderosos do Estado e que os diretores pretendem levar para as telas de cinema. “Carmélia foi uma figura revolucionária. Uma mulher fora dos padrões, negra, gorda, LGBT+, que se fez ouvir numa época de extremo machismo. Pra gente é uma honra fazer este filme”, afirma Tati.

50 ANOS SEM CARMÉLIA

“Um povo deletério.” É assim que Carmélia Maria de Sousa adjetiva ironicamente os moradores de Vitória em uma de suas crônicas. E basta uma leve pesquisa em qualquer dicionário para descobrir o que significa a palavra tão pouco usada na linguagem popular:

Deletério
1.que possui um efeito destrutivo; danoso, nocivo.
2.que é prejudicial à saúde; insalubre.

 Foi com essa escrita irônica, mas precisa nas observações da ilha, que Carmélia se tornou uma das mais importantes cronistas do Espírito Santo. Uma importância que Tati Rabelo e Rod Linhales fazem questão de ressaltar em “Não se Aproxime”.

A data no lançamento também tem seu significado. “Um ano importante pra gente porque em 2024 serão 50 anos da morte de Carmélia.” E nada melhor do que marcar esta data com a celebração da vida e da obra desta grande cronista capixaba. Uma obra valiosa, tal qual a própria vida de Carmélia, como ela mesma poeticamente pontuou em suas crônicas.

“Possuo uma riqueza muito melhor e maior que os ricos não possuem: uma riqueza que os rudes não enxergam e não entendem. Ela vem de dentro, e se me perguntarem como é que ela é, responderei assim: é uma coisa toda interior, grandiosa, sem fim, esta é a riqueza que me faz – embora pobre – imensamente rica, porque me faz feliz.”

O Cine Por Elas fica na Rua Anhanguera 16 Cristóvão Colombo, Vila Velha

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